My Dear Teacher - Capítulo 08

segunda-feira, outubro 05, 2020

 ♥ Boa tarde, pessoal! ♥

Voltei às atividades, porém, ainda estou mudando algumas coisas no blog! Não estranhem a bagunça no site. Dito isso, segue mais um capítulo de My Dear Teacher. Espero que vocês gostem! E se leu até o fim, comente e compartilhe! Faz o coração da autora ficar mais quentinho. Obrigada desde já.
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08 ~ Encontros inesperados

Ontem fez uma semana que as aulas começaram. Eu gostei muito desse início, as disciplinas são bem interessantes, algumas difíceis, mas tem seu valor. Temo não me identificar com os estudos clássicos, grego é realmente uma tormenta. Não é à toa que a expressão “tá falando grego?” e suas variações existem. Estava a caminho do refeitório pós aulas e vejo Monique. A mulher já havia entrado e eu ainda estava na fila.

Desde a festa, ela e o Ivan não estão se falando. Pelo o que a Ju me contou, eles estão juntos desde o ano passado. Eu prometi para mim mesma que não iria me forçar a nada, principalmente amizades, porém eu senti que precisava conversar com ela. Mesmo eu sabendo que ela pode me linchar. Peguei minha bandeja, me servi e procurei por ela. Encontrei-a sozinha numa mesa e parei a sua frente. Sorri para ela amigável, já seu olhar para mim foi o esperado. Desdém.

— Oi Monique. Eu posso almoçar com você?

Seus olhos me encararam de cima a baixo e ela deu de ombros, gesticulando para que eu sentasse. A sensação era a mesma que tocar numa pedra de gelo, mas não liguei.

— E aí, como você está?

Começo a comer e ela ergue o olhar para mim, ainda mastigando.

— O que você quer?

Franzo o cenho. — Só te fazer companhia. Isso é um problema pra você? – respondo.

“Não esperava menos, nem sei porque vim aqui.”. Ela me olha sem entender a princípio e fita sua bandeja.

— Não... não é.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, comendo, sem sequer trocar olhares. Assim que acabei, fui rever minhas tarefas diárias no meu caderninho e riscar algumas já feitas.

— Por que você veio?

A voz dela me faz encará-la e vejo que terminou de comer. Solto a caneta e sorrio para ela.

— Bem... Eu te vi entrar no RU e, como estava sozinha, pensei que iria querer companhia.

— Não é por isso. Eu sei que não.

— Como assim, Monique?

Ela resmunga. — Você quer saber sobre o Ivan.

— Na verdade... não. – falo sincera. — Eu... só senti que precisava estar aqui. Se está te incomodando...

Guardo minhas coisas na bolsa e me levanto. Assim que pego a bandeja, ela me para com a mão.

— Não, calma... – ela suspira. — Pode ficar. É... – me sento outra vez. — Eu não esperava que você fosse falar comigo, só isso.

— Por que?

— Porque você não gosta de mim.

Ergo as sobrancelhas. — Eu nunca disse que não gosto de você. Admito que você não é flor que se cheire, mas não tenho nada contra você.

É a vez de ela erguer as sobrancelhas e sorrio de canto.

— Bem... você tem razão. Eu não fui agradável contigo. – ela sorri sem mostrar os dentes e eu faço o mesmo. — Desculpe minha grosseria.

“Eu ouvi isso mesmo? Ela está se desculpando? Tem algo de errado acontecendo no universo.”.

— Eu te desculpo. Quer ir pra outro lugar?

Ela assente e nós saímos de lá. Caminhamos até o parque do campus, bem perto do refeitório, e sentamos no primeiro banco vago que encontramos. O clima estava agradável, as árvores refrescavam a nossa estadia, além das sombras gostosas. Algumas pessoas caminhavam por ali, andavam de bicicleta, outras liam, aproveitando o som dos pássaros cantando e as folhas farfalhando.

— Você tem quantos anos?

Ela puxou assunto! — 25. E você?

— Você parece ser mais nova. – ela comenta e sorri. — Tenho 20. É sua primeira faculdade?

— É, eu ouço um pouco isso. – rio de leve. — Não. Eu já sou formada em Jornalismo.

— Nossa. Corajosa. – Monique sorri. — Não sei se eu quero fazer outra graduação. A faculdade me deixa louca.

Rimos juntas e a encaro por um momento. Se eu dissesse isso para a Ju, ela não acreditaria. A Monique deu risada comigo. Comigo! Realmente, algum fenômeno meteorológico absurdo vai afetar o planeta. Ela não tinha sequer trocado palavras, quem dirá um período.  

— Bem... Sempre foi um sonho, no final das contas. Minha mãe sempre foi uma inspiração pra mim e... – engulo seco, mal percebendo do que eu falava. — Ela foi professora. Não que eu queria seguir a docência... – sorrio, mas sentia minha garganta apertar.

— Eu sou apaixonada por francês e quis me formar. Meus avós vieram de Nice pra cá, ainda quero ir embora do Brasil e morar lá. Ai... Queria tanto que isso tudo acabasse.

Monique fez um biquinho e ajeitou os cabelos. Fito as árvores à nossa frente, me segurando para não transparecer qualquer tristeza. Procurei, de imediato, meu maço de cigarro e isqueiro na bolsa. A imagem de minha mãe me veio à mente e o ar parecia mais difícil de respirar. 

— Eu... gosto muito do Ivan. – ela afirma e ergo a sobrancelha, voltando a olhá-la. — Eu amo ele.

Seus olhos se enchem de água e ela começa a chorar, tampando seu rosto. Fiquei completamente perplexa e deixei os itens em cima do banco, até me esquecendo do sentimento que quase me dominou. Respirei fundo, numa tentativa de focar em Monique.

— Calma... – suspiro, engolindo saliva. — Quer conversar sobre isso? – toco seu ombro, afagando ali.

Monique soluça e seca o rosto agora rubro.

— Ele não me entende, sabe? Não me ouve. – ela funga. — Eu não gosto daqueles amigos babacas dele... Mas ele insiste em andar com eles.

— Que amigos?

— O Geleia, o Bruto e o Kiko... Os da engenharia. Foram eles que deram ingressos para nós. – ela suspira. — Ele e o Geleia são amigos de infância... – ela fica em silêncio e seus olhos marejam de novo. — Mas eles são uns idiotas. E a gente brigou o final de semana todo por causa disso. Agora ele não quer falar comigo...

Ela chora alto e eu tento a abraçar meio de lado. Monique se debruça em meu ombro e deixei que chorasse. Fiquei um pouco preocupada com ela e surpresa com a minha intuição. Ivan sequer citou isso pra mim. Na verdade, ele mal falou de Monique essa semana toda, vez ou outra só, e isso porque eu e Ju não tivemos coragem de perguntar. Demorou alguns minutos para ela se recompor e eu aguardei, acariciando suas costas.

Refleti como isso me fez falta, e faz. Um ombro para chorar. Reconheço que eu não gosto de me expor numa situação vulnerável assim, prefiro liberar meus sentimentos sozinha. Será que isso é bom? Franzi a boca e respirei fundo. Ela se soltou de mim e secou o rosto com as mãos, também abanando ali. Sorri de leve e guardei o cigarro e isqueiro na bolsa.

— Você não precisa me contar se não quiser... Mas saiba que você pode me ligar, mandar mensagens ou qualquer coisa do tipo quando precisar.

— Obrigada, Samantha. Eu peço desculpas... pelo o que já fiz com você. Eu... tenho um pouquinho de ciúmes do Ivan e...

— Pouquinho? – sorrio e ela ri envergonhada.

— Enfim... Achei que você fosse dar em cima dele, mas já vi que não. Você é uma boa pessoa.

Monique se levanta e ajeita a bolsa nas costas. Estende os braços para mim e sorri. Rio de leve e me levanto para abraçá-la de volta.

— Obrigada. De verdade. Eu preciso ir. Até mais.

Ela parte sem olhar para trás e eu me sento, a vendo ir embora. “Que coisa mais peculiar acabou de acontecer...”. Sorrio de canto e cruzo os braços, encarando as grandes e longas árvores acima de mim. 

                                                                     

O elevador parecia ter parado no tempo, que sorte a minha. Sua boca conseguia me fazer arrepiar facilmente, me beijando o pescoço enquanto eu apertava sua cintura com força. Grunhi de prazer e ouvi um risinho dela.

— Acho que chegamos, Fred.

Olho para a porta aberta do elevador e sorrio de canto, saindo com a mulher. Tiro o molho de chaves do bolso e sinto suas mãos me abraçarem por trás, tirando minha camiseta de dentro da calça. Respiro fundo quando sinto suas unhas roçarem meu abdômen e apenas abro a porta de minha casa, puxando Amanda para dentro.

Fecho a porta rapidamente e pressiono o corpo da mulher ali, ouvindo um gemido baixo. Nos beijamos novamente, vorazes. Sentia-me excitar depressa. Suas mãos me roçaram as costas debaixo do tecido, o puxando para cima. Livrei-me da camiseta, jogando em qualquer lugar e de imediato segurei suas pernas para que ela pulasse. O saltinho seguiu ao abraço de suas pernas em meu quadril e a levei sem demora para meu quarto, com as mãos espalmadas em suas nádegas ainda cobertas pelo short jeans.

Ela me beijava o pescoço outra vez, mordia vez ou outra e estremeci, apertando sua bunda e tendo que liberar uma mão para abrir a maçaneta. Quando abri a porta e passava pelo portal, ouvi risadas vindo da cozinha e ergui a sobrancelha, ainda com Amanda em meus braços. Adentrei o quarto, deitei a mulher na cama, beijei-a e ergui o corpo nos separando.

— Se sinta à vontade, vou buscar uns copos de água para nós.

— Claro.

Saí do quarto e fui direto à cozinha, abrindo a porta do cômodo com certa força. A cena que vejo me faz arregalar os olhos e me escondo parcialmente na parede. A menina estava agora com o cabelo todo roxo e com nuances mais escuras. E... Samantha estava com ela. “Não é possível que a Verônica está fazendo o que eu tô pensando!”.

— Verônica?! O que faz aqui... com Samantha? Não era para você estar na casa de sua avó?

Verônica franziu o cenho e Samantha me olhava assustada, estática, com o rosto um pouco avermelhado. Ela claramente não esperava me encontrar aqui, nem minha filha. E, digamos que o sentimento foi recíproco.

— Vovó precisou atender um paciente e me deixou aqui mais cedo, pai. Hoje não é o dia que você só sai de noite da faculdade?

— Eu consegui sair mais cedo, mas...

— Desculpe, eu não deveria ter vindo. Isso foi um erro, Vê.

Samantha nos interrompe e se levanta, vejo seu rosto completamente corado e me escondo mais ainda atrás da parede. Verônica para seu movimento segurando seu braço e faz um biquinho.

— Não precisa ir, Sam. Por favor, acabei de fazer um lanche pra gente.

Samantha nega com a cabeça e passa por nós, dando de cara com Amanda apenas de lingerie, inclusive, muito bonita. Todos nós se assustamos pelo encontro e a ruiva me olha, engole seco e abre a porta apressada, saindo sem demora. Apoio o corpo na parede e suspiro constrangido.

— Ué Fred, quem é essa? – a mulher cruza os braços. — Achei que você fosse pegar água.

— Ninguém importante, Amanda. E... eu tentei, mas...

— Ela é importante sim, pai. Minha amiga! – Verônica fica entre nós e me olha enfezada. – E sua aluna, caramba. Eu não tenho um momento de paz nessa casa, meu deus!

Ela sai pisando firme e entra em seu quarto, batendo a porta com força. Respiro fundo e massageio as têmporas, impaciente.

— Não sabia que você tinha uma filha. – ela acaricia meu cabelo e fica me olhando.

— Desculpe Amanda, eu... Não vou poder terminar o que começamos.

— Tudo bem.

A mulher se retira até meu quarto e volta já vestida. — Precisa de carona de volta?

— Não, eu me viro. Até outro dia, Fred.

Ela me dá um selinho e sai pela porta. Fico alguns minutos tentando entender o que houve e franzo o cenho. “Ela acha que é um cupido meu? Não é possível...”. Nego com a cabeça e encaro a cozinha por um instante, lembrando do incômodo de Samantha. Vou até o quarto de Verônica e escoro no portal, cruzando os braços. A menina estava deitada em sua cama, virada de costas para a porta. Via os potes de seus produtos de cabelo espalhados pela sua penteadeira, além do tripé do celular posicionado. Ergui a sobrancelha, tentando entender o que aconteceu aqui.

— Por que minha aluna estava na minha casa?

— Isso não é normal nessa casa? Me desculpe! – sua voz soou ríspida.

Minha expressão se torna mais dura e fecho os olhos.

— Não retruque, Verônica. Você sabe muito bem o que te perguntei.

Ela resmunga e continua virada de costas para mim.

— Eu convidei ela pra fazer um challenge pai. Foi só isso. Pintei o cabelo dela e o meu e filmamos pro insta. Não chamei ela aqui por causa de você.

— Não? – franzo o cenho.

— É claro que não! A Sam tá aqui desde às 15h e daqui a pouco ia embora. Nem era pra vocês terem se topado.

Vou até sua cama e sento ali. Ouço ela fungar e nego com a cabeça.

— Agora ela nunca mais vai querer me ver. Você não consegue ficar sem sexo um dia? – ela se levanta e me olha indignada, com seus olhinhos marejados.

Desvio seu olhar do meu e encaro o chão, sem palavras.  

— Você vai ligar pra ela agora e vai pedir desculpas por ser um pervertido. Vai.

Sua voz saia um tanto esganiçada e cruzo os braços, a olhando bravo.

— Eu não devo desculpas a ninguém, Verônica. Ela veio na nossa casa porque quis. E eu não sou um perv...

— Mas a culpa é sua por vir trazer qualquer uma pra cá! – ela me interrompe e me entrega seu celular com o número da mulher na tela.

Respiro fundo, encaro ela, depois o telefone e só então percebi que ela já havia discado o número. Quando fui desligar a chamada, Samantha atendeu e resmunguei, encarando Verônica. Coloquei o celular no ouvido depressa.

— Olha Vê, eu já tinha dito que não era uma boa ideia ir até sua casa... E eu vejo seu pai sem camisa?! Sem falar naquela mulher e...

— Samantha... – a interrompo.

Ela fica em completo silêncio e suspiro.

— Perdão. Não sabia que vocês estavam em casa e...

— Você não precisa se desculpar. Eu invadi seu espaço, sua casa, e prometo que nunca mais o farei. Tchau.

Ela fala rapidamente, como se não tivesse respirado entre as palavras, encerra a ligação antes mesmo que eu respondesse e mordisco o lábio. Entrego o aparelho para minha filha e dou de ombros.

— Feliz?

Levanto de sua cama e Verônica apenas se deita outra vez, sem nada dizer. Paro em sua porta, já fora do quarto, e ouço ela desabar de chorar. Travo o maxilar, tenso, irritado e com tesão acumulado. Inferno...


— Você o que?!

Fixo o olhar para o caminho de casa e ajeito o cinto de segurança em meu corpo.

— Ai amiga, isso seria o sonho de qualquer aluna dele e você correu? Eu pedia pra me juntar, isso sim.

Juliana acaba arrancando um sorriso meu e nego.

— Pode ser o sonho de alguém, mas não é o meu.

— E como ele é? Ele é todo sarado, não é?

Assenti. — Sim. E foi extremamente constrangedor, meu Deus.

Abaixo a cabeça, sentindo minhas bochechas queimarem. Ju me levava para casa, já que eu precisava conversar urgentemente com alguém e precisava de uma carona.

— É... depende.

— Claro que não, Ju. A filha dele estava ali, meu próprio professor, sem camisa, junto com uma mulher seminua. É constrangedor sim!

Ela faz uma careta e aperta o volante. — Mas... se você sabia dos riscos, por que foi?

Ergo a sobrancelha e a encaro. Sua pergunta me pegou desprevenida. Molho os lábios e franzo o cenho, sem saber como responder.

— Verônica insistiu muito e... bem, ela garantiu que ele não estaria lá. Confiei nela.

— E não foi isso que aconteceu.

— Só que ela também ficou surpresa. Ela também não esperava que ele fosse chegar mais cedo.

— Compreendo. – ela ficou em silêncio e voltei a olhar para a rua.

Logo chegamos até minha casa e Juliana estaciona. Ela me olha por uns instantes e sorri largo.

— Não fica chateada amiga, pensa que pelo menos seu cabelo tá maravilhoso e você viu a barriga sarada do Frederico. Só tem coisa boa.

Ela ri e eu acabo rindo também. É incrível como ela consegue ver sempre o lado bom das situações. Abraço a mulher e saio do carro.

— Obrigada pela carona, Ju. Salvou minha vida.

— Imagina. Na próxima, quero ir junto hein? – ela dá uma piscadinha e rimos juntas.

Entro em casa e já sinto Mione roçando em minhas pernas, miando dengosa. Pego a gata no colo e vamos juntas. Depois do que houve, nem contei para Ju sobre Monique... Que droga. Suspiro e deixo a gatinha no chão. Pego um copo de água e bebo. Fiquei refletindo sobre o que Juliana disse no carro e, na verdade, não sabia dizer que era só isso que respondia à pergunta. Eu realmente confiei na menina, mas... no fundo, eu queria vê-lo? Mordisquei o lábio. E, definitivamente, ele é bonito. Não vou negar esse fato...

A imagem dele entrando na cozinha ficava se repetindo em minha mente e sentia meu rosto corar. Seu desespero também. Será que ele sabe de onde nos conhecemos? Porque... eu não faço ideia. E isso é levemente irritante. Qual é o problema da minha memória? Deve ter sido algo muito esporádico.

— Caramba... Hoje foi um dia turbulento, Mione.

A gatinha mia de volta e sorrio, acariciando seu pelo enquanto come.  

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Chegamos ao fim de mais um capítulo. 
Surpresos com esse encontro?
Comentem e compartilhem, galera! 
Um abraço! 
Gih Amorim ♥

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