My Dear Teacher - Capítulo 03

segunda-feira, agosto 24, 2020

♥ Oi, galera linda! Feliz semana! ♥

Segue mais um capítulo de My Dear Teacher. Espero que vocês gostem! Estou muito animada com a história. E se leu até o fim, comente e compartilhe! Faz o coração da autora ficar mais quentinho. Obrigada desde já.

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03 ~ O respiro antes da tempestade 

Sábado. Finalmente o dia da festa chegou. Já eram cinco horas e estava no trem, a caminho da casa de Juliana. Combinamos de nos arrumarmos em sua casa, fazer um esquenta e irmos direto para a festa, às sete. Ouvia um instrumental qualquer e me ajeitei melhor no banco, lembrando de meu irmão. Não tive coragem de entregar o ingresso para ele, então presenteei Ju, na sexta, para ela fazer o que quisesse com o bilhete.
Hoje parecia ser um dia estranhamente calmo, meio nublado e de ventos leves. Talvez fizesse frio à noite, e eu gosto muito de temperaturas mais baixas. Parei na estação que ela me indicou e desci. Ela me esperaria no terminal para me levar até sua casa. Subi às escadas e a vi logo de cara, vestindo um vestido longo alaranjado, de estampas de flores brancas e amarelas. Sem falar do tênis branco, como se tivesse saído da loja hoje mesmo. Estava com dois coques, um de cada lado da cabeça, e uma maquiagem mais leve.
— Sempre linda, Ju!
— E aí gata, tudo certo? – ela me pega pelo braço e vamos andando pela rua.
— Sim, tudo de boa.
— Trouxe suas roupinhas, né? Ai, não vejo a hora de te maquiar! Seu olho tem um formato maravilhoso pra fazer delineado gatinho.
Sorri meio sem jeito. — Trouxe sim, pode ficar tranquila.
Onde ela mora é, na verdade, um apartamento bem perto da estação. Atravessamos três quadras e logo chegamos. Subimos até seu andar e assim que ela abre a porta, somos surpreendidas por uma jovem.
— Eita! Chegaram rápido. – ela fecha a porta para nós.
— Mel, essa é a Sam.
— Então você é a famosa Samantha? É um prazer te conhecer, me chamo Melissa.
— O prazer é meu. – sorrio para ela.
— Pode se aconchegar, Sam. Vou preparar uma bebida pra você.
Assenti para ela e a moça me leva até o sofá. O apartamento não era muito grande, no entanto era bem decorado, como esperaria de Juliana. Os móveis, as paredes, os quadros, tudo combinava entre si, com cores da mesma paleta. Do laranja mais vibrante ao marrom. Sentamos no sofá e encaro a garota. Melissa deve ter seus vinte e poucos anos, como nós. Tem traços orientais muito bonitos, olhos puxados, de cor castanha, cabelo preto liso e brilhoso, pele branca e com poucas sardas. Magra, um pouco mais alta que eu. Vestia um camisetão cinza bem grande com estampa de gatinhos e um cinto preto em sua cintura, fazendo parecer um vestido. Estava descalça e carregava consigo um copo com uma bebida vermelha espumante.
— Famosa, é?
— É que a July falou bastante de você, que ficou feliz em conhecer alguém decente no seu curso.
Ergo as sobrancelhas, refletindo sobre o que ela disse, mas não continuo o assunto.
— Entendi. E você é de qual?
— Veterinária. Quinto semestre. – ela dá um gole na bebida.
— Que legal! Acho essa profissão tão linda.
— Eu gosto muito. Sou muito feliz com meu curso.
Juliana chega com dois copos cheios e me entrega um. O cheiro de álcool veio no meu nariz assim que peguei o copo e fiz uma careta, rindo em seguida.
— O que é isso, hein?
— Ah, é uma batida de morango e limão com espumante. Aiii! Vamos logo se arrumar, pelo amor da deusa!
Ela dá uma golada generosa na bebida dela e voa para dentro da casa, trazendo consigo duas maletas enormes e as deixando na nossa frente, em cima da mesinha de centro.
— Caramba! Quanta coisa! – rio e bebo um pouco. Estava gostoso, apesar de não beber sempre.
— E eu nem trouxe tudo, só o essencial. Vou começar pela Mel. Pode ir se ajeitando aí, garota!
Ela se ajeita no sofá e eu rio das duas. Fico observando as duas e me permito curtir o dia. Tive uma semana corrida, hoje eu posso relaxar, dar muita risada e dançar até ficar sem força nas pernas. Bebi só aquele copo, mas as duas beberam pelo menos três, e vai saber mais quantos antes de eu chegar. Melissa deixou uma playlist de pop dos anos 90 e 2000 tocando de fundo e cantávamos juntas, saudosas. A voz dela me surpreendeu, inclusive. Ela canta muito bem, apesar de não ter aceitado meus elogios.
Ju quis combinar minha maquiagem com as roupas que vestiria, perguntou do que eu gostava de usar e foi bem jeitosa. Eu trouxe minhas maquiagens que precisavam do meu tom de pele, caso ela não tivesse, mas nem precisou. Ela tinha de tudo e mais um pouco. Quando me vi no espelho, fiquei impressionada com a habilidade dela. Ela fez um delineado perfeito, colocou cílios postiços, passou blush, iluminador e um batom vermelho-escuro que eu fiquei apaixonada.
Em Melissa, ela fez uma sombra preta esfumaçada muito bonita, além da pele, cílios, e um batom mais tom rosa metálico. Nela mesma, fez um delineado roxo da mesma cor que o batom. Eu fiquei apaixonada. Admiro muito quem tem habilidade com maquiagem, eu só sei fazer o básico, e só em mim. Após a sessão maquiagem, não satisfeita, ela fez penteados nas duas, eu não quis. Nela, foi um rabo de cavalo todo elegante, e na outra, uma trança estilo boxeadora. Meu cabelo já estava como eu gosto, solto, ondulado e tonalizado. Depois, finalmente nos vestimos. Foi muito legal perceber como nossos estilos são diferentes.
Eu escolhi uma camiseta preta, com estampa nas costas de um quadro de Van Gogh, Amendoeira em Flor, um short jeans azul-claro, meia-arrastão preta e meus coturnos preferidos, de cor marsala e cadarços pretos. Tinha brincos simples e uma gargantilha de coração, ambos dourados. Já Juliana, um vestido lilás, de alças finas e um decote bonito em V, que chega até o meio de suas coxas, marcando bem suas curvas, e o mesmo tênis de antes. Brincos de argola em formato de estrela, anéis e braceletes com berloques lindos. E, por fim, Melissa, um cropped estilo t-shirt cinza e uma jardineira preta de saia com botões dourados e sapatilhas marrons, com um laço dourado. Tinha apenas um brinquinho em formato de gato.
— Estamos gatíssimas! Preciso de uma foto desse momento maravilhoso!!
Ju sai atrás de seu celular e tiramos um monte de fotos, até que Melissa a apressa e enfim fomos para o local da festa. Melissa foi dirigindo e demoramos pelo menos meia hora para chegarmos até uma casa de festas. Já dava para ver a fila enorme e ouvir o som de longe.
— Nem acredito que estamos aqui. Não me lembro da última vez que fui numa festa assim.
— Que?! Como assim, Sam? Você só pode estar brincando.
— Juro que não estou, Ju. – sorrio, sincera, e ela me olha séria.
— Então, Mel, temos uma missão hoje. – sua voz era determinada e Melissa já caiu na risada. — Fazer a Sam ter a melhor noite da vida dela!
— Uhul! Eu topo! – Melissa fala e estaciona o carro. 
Descemos em seguida e Ju me dá um abraço superforte, me esmagando e eu a empurro morrendo de rir.
— Doidaa! – ela me beija a bochecha e enrosca no meu braço e no da Melissa.
— SAIAM DO CAMINHO QUE AS TRÊS ESPIÃS DEMAIS CHEGARAM! – ela grita e nós caímos na risada.
Ela realmente bebeu muito e nem havíamos pisado na pista de dança.  Fomos até a fila e ficamos esperando nossa vez. Juh já dançava ali mesmo, rebolando como se não houvesse amanhã. Aos poucos, a fila chegou na metade, e parecia ter chegado muito mais gente. "Que festa movimentada". 
— Então, quais espiãs vocês são? – falo, divertida.
— Eu sou a Alex. – Melissa faz um muque e eu rio dela.
— VOCÊ É A SAM, DÃ! – Ju pega nos meus cabelos e é a vez de Mel rir — Mas, olha, parece a Clover, se apaixona por todo mundo! 
— Sério, Ju? – a olhei de sobrancelhas erguidas. — Isso não é verdade.
— Você tá mais pra Clover, Ju. Diva pop da moda!
EI, SAM! 
Olho para trás quando ouço meu nome e vejo Ivan e Monique vindo da rua. Ele acenava para nós e acenei de volta. Logo eles chegam até nós e já percebi que Monique parecia emburrada com alguma coisa. O rapaz vestia um boné, uma camiseta branca lisa – talvez dois números maiores que o dele, uma calça vermelha e tênis de marca. A moça, um vestido curto tubinho, azul-claro, de alcinhas muito finas e que delineavam seu corpo, e um salto agulha prateado. Sem mencionar as joias dela, que aparentavam ser caríssimas.
Ivan cumprimenta cada uma com um abraço rápido e em mim, ele dá um mais apertado, além de um cheiro no pescoço que me arrepiou involuntariamente. "Abusado!". Olho para ele séria e em resposta, Ivan dá um sorriso enorme, abrindo os braços. 
Vocês não precisam pegar esse filão, venham comigo. – gesticula.
Tem certeza? A gente não vai furar fila?
Relaxa, Sam. O Geleia é do backstage, ele deixou eu passar pelos fundos com quem eu comprei os ingressos. Só bora! 
UHUL! Ivan, você merecia um beijo na boca, beija ele Mô! – Ju fala eufórica e Melissa ri dela.
Monique sorri sem humor, olhando para o telefone e nos ignorando. Ela só nos cumprimentou com um aceno de mão. Ivan foi na frente, com a namorada no braço, e o seguimos. Fomos até uma porta mais afastada e ele mostrou um crachá para o segurança, gesticulando e apontando para nós. Logo o homem nos deixou passar e carimbou nossos ingressos, colocando pulseiras vermelhas em nossos braços. 
O som ali dentro era bem mais alto. Tocava um funk que desconheço. Estava meio escuro, apenas iluminado por uma fita de LED branca até o final do corredor. Ivan abriu a porta e fez uma reverência, apontando diretamente para a porta aberta. 
Divirtam-se, minhas belas jovens! 
Passamos por ele e a porta é fechada. Lá dentro, a iluminação se faz por luzes e refletores coloridos. Um DJ comandava a enorme pista de dança, deveria ter facilmente mil pessoas ali e havia mais entrando. A galera dançava, se pegava, bebia e tudo o que tem direito numa festa desse porte. Sinto uma mão no meu ombro e Ivan me chama com a mão, puxo Juliana e seguimos o rapaz outra vez.
Ele nos leva até uma área com mesas e olho aliviada para as cadeiras ali. "Perfeito!". Todos nós sentamos, fico no meio de Juliana e Melissa, deixando o casal um do lado do outro. 
E aí, o que acharam?
ONDE TEM BEBIDA?
Ivan olha Juliana com um sorriso de canto e se levanta. Vem, eu te mostro. 
MELHOR GUIA DE FESTA! 
Ela só falava gritando agora, pobre dos nossos ouvidos. Os dois vão e Monique só fica no telefone, como se nós não estivéssemos ali. Nego com a cabeça e Melissa põe a mão no meu braço, me chamando.
É, já sei que não posso deixar ela beber antes da festa começar.
Rio e concordo com a cabeça. Sim. Eu devia ter segurado a onda dela quando percebi que o segundo copo já fez ela rir por qualquer coisa.
Nem sei como ela não borrou nossas makes. – rimos juntas e olho para Monique.
Monique... tá tudo bem com você?
Ela ergue o olhar para mim e fica me encarando por alguns segundos. Claro, por que não estaria? 
Seu tom de voz era irônico, pelo pouco que a conheço. 
Ahm... Tá certo. 
Ela volta sua atenção para o telefone. Melissa me olha de canto e eu só dou de ombros. Logo os dois voltam com quatro copões com tampa cheios de alguma bebida e Ivan trazia consigo uma garrafa de água. Eles se sentaram e distribuíram os copos. Assim que deu o meu, deu uma piscadinha e olhou para Monique.
Mô, trouxe uma água com gás pra você. 
— Ah... – ela olha para ele e pega a garrafa, a abrindo, bebeu um gole e voltou ao telefone. — Obri, Ivan.
O rapaz a olha de sobrancelhas erguidas e faz uma careta sem entender. Ele a deixa de lado e bebe um pouco. Pego meu copo e cheiro a bebida de leve. Tinha aroma de qualquer coisa alcóolica misturada com... pêssego? Não conseguia nem decifrar. A cor era alaranjada. Ju estava na metade do copo, dançando sentada e Mel olhava pra pista de dança.
— Hein, vamo dançar! – ela anuncia e já se levanta.
Ju dá um grito animadíssima e sai com ela pelo braço. — VAMO SAMANTHAAAA!
Caí na risada e levantei, indo até elas. Juliana chama o casal com as mãos e Ivan nega com a mão, já Monique sequer percebeu que era chamada.
— Podem ir, depois eu vou.
— VEM MESMO, IVAN! QUERO VER ESSA BUNDA RALANO NO CHÃO!
Nós três gargalhamos e Melissa puxa Juliana, fazendo-a andar mais rápido e parar de gritar sem sentido. Chegamos na pista e tinha muita, mas muita gente dançando. O som estava tão alto que sentia meu corpo vibrar junto da música, e isso que estávamos mais longe da mesa do DJ. Tinham pessoas com bandeiras enroladas nas costas, com copos decorativos de atléticas nas mãos conduzindo um grupo de pessoas, tinham até alguns dançarinos com camisetas de uma atlética de símbolo azul. Fiquei impressionada vendo aquilo. O universitário festeiro é um indivíduo de criatividade singular.
Havia também alguns espaços com jogos alcoólicos, até uma barraca do beijo. Mel parou mais ao centro da pista e soltou Ju, a deixando dançar sem impedimentos. As duas dançavam frenéticas ao som do funk que tocava. Aos poucos fui me soltando, a bebida ajudou igualmente, e as horas passaram como minutos. Dancei com elas, com estranhos, vi as duas beijarem pelo menos um rapaz cada, além de elas mesmas se pegando quando eu prestei atenção. Não fazia ideia, inclusive. Já eu, recusei todos que quiseram tirar uma casquinha, além dos que pediram por educação. Não estava com vontade de curtir nesse nível, queria só dançar, beber e curtir com minhas amigas.
Depois de vê-las abraçadas e tudo mais, decidi ir ao banheiro. Estava apertada há três músicas e a fila nunca diminuía. Decidi ir lá, avisei num grito que sairia e fui em direção à fila. Talvez já fosse meia noite, ou algo além disso. Tinha de tudo nos arredores de onde estava: gente vomitada caída no chão, dormindo com o copo de bebida, chorando, dançando loucamente, olhando parado para o nada... sem falar nos que se pegavam pelas paredes, na fila, enfim. Me sentia um pouco exausta, sendo sincera. Assim que usei o banheiro, deplorável por sinal, encontrei uma área de fumantes ali perto.
Fui até lá e o cheiro de maconha deu um tapa no meu nariz. Sequer tinha pensado nessa possibilidade, meu cérebro deve ter se esquecido que uma festa dessas é o local perfeito para se usar drogas ilícitas desregradamente. De toda forma, encontrei um canto mais agradável ao meu olfato e ali acendi meu cigarro, encontrando paz naquela euforia intensa. A música eletrônica ecoava estrondosa, ainda que eu estivesse longe. Expeli a fumaça e, na segunda tragada, senti uma mão na minha cintura, me abraçando de lado. Assustei-me de imediato e empurrei o braço, vendo um Ivan muito bêbado e com um sorriso de canto.
— Hunf, não precisava disso, gatinha. Poderia me dar um? – ele aponta pro cigarro e ergo a sobrancelha.
— Gatinha? – questiono e solto a fumaça toda na cara dele. — Ivan, qual é a sua?
— Eu só quero um cigarro, Sam. – ele se aproxima e pega um, o erguendo para que eu o acendesse.
Rolo os olhos e acendo-o com o isqueiro, um pouco impaciente por ele agir assim comigo.
— Cadê a Monique?
— A Monique tá um pé no saco hoje, mandei ela se foder. – ele traga e ergue os braços pra cima, com o cigarro nos lábios. — Senhor! Dai-me paciência!
Arregalo os olhos com suas palavras, batendo as cinzas com os dedos. — Como assim?
— Ela é insuportável, só isso. – o encaro.
— Quer falar sobre isso?
— Não... Quer dizer, eu... 
— IVAN RODRIGUES!
O grito faz nós dois olharmos na direção dele e vejo uma Monique de maquiagem borrada, com cara de quem chorou nos últimos minutos. Olho os dois e só me afasto, olhando para a garota claramente amedrontada. Tinha algo acontecendo, mas não quero interferir num assunto que não me convém. Assim que saí da área de fumantes, ouvia meu nome ser chamado por Ivan, mas o ignorei. Fui me desvencilhando das pessoas e procurei um jeito de sair dali.
Não encontrei as duas onde estávamos antes, nem na mesa que sentamos. “Ótimo...” Fui até a entrada principal atrás delas. Até que, perto de lá, uma rodinha de gente se formou. Eles estavam aos berros de “Briga! Briga!”. Haviam dois homens se esmurrando no centro. Um deles estava por cima, claramente maior e mais forte, esmurrando o de baixo. Por um instante, vi o mundo parar diante dos meus olhos quando me dei conta de quem era.
Eu não estava em mim naquele momento. Empurrei cada um que estava no meu caminho e fui no meio da roda, enfurecida. Meti um chute na cabeça do indivíduo que socava meu irmão e o cara caiu no chão, desacordado. Diego estava ensanguentado, com o olho inchado e eu ouvia os urros para mim, como se eu fosse a pessoa mais foda do universo por nocautear alguém assim. Meus olhos se encheram de água.
— SAIAM DAQUI, SEUS URUBUS! SAIAM! SAIAAAAAAM!
Aos poucos, as pessoas foram se dispersando e eu tentei erguer meu irmão nos ombros, o segurando desajeitado para fora do salão, na calçada. Quando cheguei na parede mais próxima, o escorei ali, sentado. Examinei-o rapidamente, mesmo que parecesse que meu coração fosse saltar pela boca e uma náusea fortíssima me acometesse. Ele levou um soco no supercílio e ali sangrava demais, além do lábio. Abri o olho dele à força e vi sua pupila competindo com o tamanho da íris e grunhi, sentindo minha garganta apertar.
— Você não fez isso, Di...
Escorreguei sentada no chão, chorando alto. Era tudo o que eu menos queria. Eu sabia, sabia que isso iria acontecer. Que ele iria se meter em enrascada e se drogar. Idiota. Um completo idiota!
— Ta..t-ta... – ouvi-o sussurrar.
Chorei por minutos a fio, até finalmente me recompor. Não podia deixar ele ali, precisava levá-lo para casa. Busquei em seus bolsos a chave do carro e depois de vasculhar em um, encontrei um pacote pequeno com pó branco e o joguei longe. “Mas que inferno!!!” Procurei no outro e a chave se moldou em meus dedos. Peguei-a e me levantei, com certo custo. Destranquei o carro, mas quando o fiz, minha mente foi longe. Olhei para Diego e seu sangue estava em minhas mãos, senti um aperto absurdo no peito e lágrimas gordas embaçaram minha visão.
— Eu não posso... Não dirijo.
Tranco o carro de novo e respiro fundo.
— Certo. Uber. – tiro meu celular da bolsinha e tento o desbloquear, mas o sinal de bateria zerada apareceu na tela.
Travei o maxilar, impaciente, e limpei o rosto em vão. Meu coração não desacelerava por nada. Não sabia onde Melissa e Juliana estavam, além de que elas estão alteradas demais para dirigir. Diego não tem nem consciência. Olhei para a rua, deserta, a não ser pelas pessoas da festa em si e seus carros estacionados.
Meus pensamentos ficaram frenéticos. Só conseguia pensar em como eu era uma inútil. Não dirijo. Deixei o celular descarregar numa festa. Coloquei meu irmão em perigo. Imprudente. Teimosa. Desatenta. Burra. Permissiva. Assassina. Sentia que meu cérebro ia explodir de dor e a única coisa que eu consegui fazer foi sentar de novo e acender um cigarro. Minhas mãos estavam tremendo, eu enxergava borrões em meio às lágrimas que molhavam meu rosto e trilhavam um caminho de fracasso até minha roupa. Grunhi, exausta, e traguei olhando o chão. Fungava, chorava alto, nem a nicotina conseguiu fazer efeito.
— Samantha...?
Olho para cima e tento enxugar o rosto, encontrando alguém completamente inesperado.
—... professor Laurent?

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Chegamos ao fim de mais um capítulo. E esse final? Eletrizante! 
Comentem e compartilhem, galera! 
Um abracinho. 

Gih Amorim ♥

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3 comentários

  1. CHOCADA como a Samantha é parecida comigo em estilo, eu usaria todas as roupas dela kkkkkkkk e queria dizer que é maldade escrever um capítulo desses quando ta todo mundo sem ir pra festa há meses, fiquei morrendo de saudades KKK. Tô com raiva do Ivan e com pena da namorada dele, mesmo ela sendo antipática. E morrendo de pena do Diego, coitadinho :( Super curiosa pra saber como tudo vai se desenrolar, e ainda quero saber como ela e o professor se conhecem! Já quero continuação!!

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    1. Menina kakakak eu amo o estilo dela também, roubaria o guarda-roupa sem problemas. E cara, nem pensei nisso! Foi mal se deu saudade de festar kkkk. Obrigada pelo comentário <3

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  2. Coitadoo do Diego!!! Meu deus, ele é meu personagem favorito!! O coitado. Pq eu tenho que gostar do personagem mais depressivo? Gzus!

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